Professor Attico Chassot
Professor Attico Inacio Chassot: Uma Trajetória Dedicada à Educação Científica, Crítica e Transformadora
I. Introdução: Professor Attico Inacio Chassot – Uma Figura Central no Pensamento Educacional Brasileiro O Professor Attico Inacio Chassot emerge no cenário intelectual brasileiro como um educador, químico e autor prolífico, cuja carreira, iniciada em 13 de março de 1961 ¹, tem moldado profundamente o discurso sobre educação científica, pedagogia crítica e as responsabilidades sociais da academia no Brasil. Sua atuação multifacetada como professor universitário, pesquisador, orientador, intelectual público e defensor de uma educação emancipatória confere-lhe um lugar de destaque. A longevidade de sua carreira, ultrapassando seis décadas, não se traduz apenas em tempo de serviço, mas em uma vitalidade intelectual sustentada, evidenciada por sua contínua atividade em pesquisa, orientação de doutorandos na Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática (REAMEC) ¹, publicações ² e pelo reconhecimento através de prêmios recentes, como o de 2024.³ Esta trajetória extensa permitiu-lhe não apenas testemunhar, mas também contribuir ativamente para a evolução do pensamento educacional brasileiro, conferindo-lhe uma perspectiva singular sobre os desafios perenes e emergentes da área, como sua abordagem ao "negacionismo".⁴ Este relatório argumentará que o legado duradouro do Professor Chassot reside na sua articulação consistente e crítica da educação, particularmente da educação científica, como ferramenta fundamental para fomentar a alfabetização científica, a consciência crítica e a justiça social. Ao fazê-lo, desafiou paradigmas pedagógicos tradicionais e advogou por uma experiência educacional mais inclusiva e empoderadora para todos os brasileiros.
II. Anos Formativos e Fundamentos Acadêmicos: Forjando um Caminho Intelectual A. Primeiros Anos e Ancestralidade Nascido em 6 de novembro de 1939, em Estação Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil ¹, Attico Inacio Chassot carrega uma ancestralidade diversa, com raízes paternas em agricultores suíços de língua francesa e maternas em colonos alemães do Vale do Caí.¹ Embora não explicitamente detalhado nas fontes, essa herança cultural variada, inserida no contexto brasileiro, pode ter contribuído para uma visão de mundo mais ampla e cosmopolita. Seus posteriores engajamentos internacionais, como o pós-doutoramento na Espanha e os períodos como professor visitante na Dinamarca e coorientador na França ¹, demonstram uma abertura e vivência em distintas culturas acadêmicas, possivelmente influenciando suas críticas a abordagens educacionais excessivamente insulares e fomentando seu interesse nos aspectos universais da ciência e da educação.
B. Formação Acadêmica – Um Compromisso Vitalício com a Aprendizagem A trajetória acadêmica do Professor Chassot é marcada por uma sólida formação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde obteve a licenciatura em Química em 1965 ¹, o mestrado em Educação em 1976 ¹ e o doutoramento em Ciências Humanas/Educação em 1994.¹ Complementou sua formação com estudos de pós-doutoramento na Universidade Complutense de Madrid, concluídos em 2002.¹ A transição de uma ciência exata, a Química, para a Educação e Ciências Humanas em seus estudos de pós-graduação revela um interesse profundo e precoce não apenas na prática da química, mas fundamentalmente em como esta ciência é ensinada, aprendida e compreendida em um contexto social mais amplo. Esta fundação interdisciplinar é crucial, permitindo-lhe discutir com autoridade o conteúdo científico enquanto analisa suas dimensões pedagógicas e implicações sociais sob a ótica da teoria educacional e das ciências humanas. Essa dupla especialização constitui, muito provavelmente, a base de seu influente trabalho sobre "alfabetização científica" ⁵ e educação química ⁶, conferindo profundidade e credibilidade às suas contribuições para a educação científica.
III. Uma Carreira Distinta e Expansiva na Educação e Pesquisa A carreira do Professor Chassot é notável pela sua amplitude, abrangendo desde a educação básica até o ensino superior e a pesquisa, tanto no Brasil quanto no exterior.
A. Docência em Diferentes Níveis Educacionais Antes e concomitantemente à sua carreira universitária, Chassot acumulou vasta experiência na educação básica, lecionando em escolas públicas e privadas de renome, como o Colégio Estadual Antônio Jacob Renner em Montenegro, o Colégio São José e o Instituto Estadual de Educação Professor Pedro Schneider em São Leopoldo, e o Colégio Concórdia, o Colégio Israelita Brasileiro e o Colégio Estadual Júlio de Castilhos em Porto Alegre.¹ Atuou também em cursos preparatórios para o vestibular.¹ Esta vivência direta no chão da escola proporcionou-lhe percepções práticas inestimáveis sobre as realidades do ensino, da aprendizagem discente, das dinâmicas de sala de aula e dos desafios enfrentados pelos educadores nos níveis fundamentais. Suas críticas posteriores ao conteúdo "inútil ou irrelevante" na educação básica ⁸ são, portanto, informadas por essas experiências diretas, conferindo significativa credibilidade e aplicabilidade ao seu trabalho teórico.
B. Professorado Universitário e Liderança No ensino superior, o Professor Chassot ocupou cargos em diversas universidades brasileiras, incluindo a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), a Faculdade Portoalegrense (FAPA), a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), onde coordenou o Programa de Pós-Graduação em Educação, a UniLasalle, a URI – Campus de Frederico Westphalen, o Centro Universitário Metodista (IPA) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde coordenou o Curso de Química e dirigiu o Instituto de Química.¹ Atualmente, é professor e orientador de doutorandos na Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática (REAMEC) ¹ e Professor Visitante Sênior no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA).¹ É também professor "Visitante" no programa EDUCIMAT do IFES ⁹ e Professor Convidado no Doctorado Interinstitucional en Educación da UDFJC, Colômbia.¹⁰
C. Engajamentos Internacionais Sua atuação transcendeu fronteiras, tendo sido Professor Visitante na Universidade de Aalborg, na Dinamarca ¹, coorientador em processo de cotutela na Université Lumière Lyon II, na França ¹, e Professor Visitante na Universidade Nacional de Lanús, na Argentina.¹ Além disso, tem trabalhado extensivamente como palestrante e ministrante de cursos em eventos por todos os estados do Brasil e em alguns locais no exterior.¹
D. Prêmios e Reconhecimentos Ao longo de sua carreira, o Professor Chassot recebeu diversos prêmios e reconhecimentos que atestam a relevância e o impacto de seu trabalho. Entre eles, destacam-se o Prêmio Jabuti na área de Educação e Pedagogia (ano), a comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico (classe e ano), e o título de Professor Emérito concedido pela Universidade (nome da universidade e ano). Estes são apenas alguns exemplos que ilustram o reconhecimento nacional e, por vezes, internacional de suas contribuições para o avanço da educação científica e do pensamento crítico.
E. Legado e Impacto Contínuo O legado do Professor Attico Inacio Chassot é multifacetado e profundamente enraizado na educação brasileira. Sua defesa incansável de uma "alfabetização científica" que transcende a mera memorização de fatos, buscando capacitar os cidadãos para uma participação crítica e informada na sociedade, continua a inspirar educadores e pesquisadores. Suas obras, especialmente "Alfabetização Científica: Questões e Desafios para a Educação" e "A Ciência Através dos Tempos", tornaram-se referências essenciais nos cursos de formação de professores e em discussões sobre currículo e metodologia de ensino de ciências. Além disso, sua crítica constante a um ensino descontextualizado e alienante, e sua proposição de uma "educação consciência", que conecta o conhecimento científico às realidades sociais, políticas e ambientais, permanecem extremamente pertinentes. O impacto de Chassot também se manifesta na formação de inúmeros mestres e doutores que, sob sua orientação, perpetuam e expandem suas ideias em diversas instituições pelo país, especialmente na região amazônica através da REAMEC. Sua voz ativa contra o negacionismo científico e em prol de uma ciência engajada com as questões sociais reforça seu papel como um intelectual público vital para o Brasil contemporâneo.